domingo, 29 de agosto de 2010

Ciganos Arrumados Como Lixo

Acampamento Cigano em Bragrança Portugal
No Ano Europeu de Luta Contra a Pobreza e Exclusão, a degradação humana reflecte-se na história de três acampamentos ciganos às portas da cidade de Bragança. São dezenas de crianças pertencentes a numerosas famílias sem as mínimas condições de higiene e conforto.
Ratos, cobras, insectos e lagartos patrulham os vários quartos, traçando a roupa e infestando o ambiente, já por si contaminado. Sem água quente, casas de banho e, no acampamento do Bairro das Touças, nem mesmo um contentor do lixo nas proximidades.
É neste refúgio desolador, que nasceu no local da extinta lixeira, perto do cruzamento de Donai, que Eduarda Clarice vive há 20 anos. “Esta terra está suja e a bicharada é demais. Por causa da antiga lixeira é que a terra por baixo está toda infectada. Há lagartos, cobras, ratos. Às vezes, estão os garotos a dormir e acordam com aquelas bichas. Isto aqui é enfermidade!”, afirma, revoltada, esta mãe de 9 filhos.
Com perto de uma centena de ciganos, o acampamento está povoado, na sua maioria, por crianças. “Temos aqui um rebanho de filhos e para a escola e para o ciclo sabe Deus como é que eles vão porque no Inverno não é nada fácil. Isto é uma vergonha! Para os lavar e vestir sem casa de banho, sem água quente… Luz temos, mas a habilidade é nossa”, revela.
De acordo com Eduarda Clarice, a sua família, entre outras, inscreveu-se no Prohabita, programa de financiamento para acesso à habitação, ao passo que, há 10 anos, a Câmara Municipal de Bragança (CMB) prometeu retirá-los daqueles terrenos baldios e proporcionar-lhes uma vida mais condigna.
Aliás, a autarquia tinha em curso um projecto para realojar 26 famílias do concelho, mas os ciganos asseguram nada ter sido feito. O Jornal Nordeste procurou, por isso, obter uma reacção da autarquia face às queixas das famílias que vivem em acampamentos, mas sem sucesso, apesar dos vários contactos efectuados até à hora de fecho desta edição.
“Há 10 anos que estamos à espera disso... Só promessas! Somos ciganos e estamos arrumados como o lixo. A Câmara sabe bem a situação em que estamos e nunca cá vi ninguém. Eu só vejo é os ciganos enroscados nos lagartos e nas cobras”, relembra, angustiada. “E no último ano já deram, uma vez 12, outra vez 6 e outra vez 3 casas nos bairros sociais da Câmara, mas aos ciganos nunca deram nenhuma”, garante Eduarda.

“Prometem e não cumprem.
Isto é uma vergonha! Haviam
de botar os olhos aqui no povo”

Desmotivados e sem qualquer anseio ou vontade de falar, “fartos de promessas” e de pessoas que aparecem “de visita”, “cheias de boas intenções”... Foi assim com o patriarca do acampamento cigano, que se negou a prestar declarações. “Pedem-nos para falar, mas depois saem daqui e vão ao presidente da Câmara e nunca sai nada. Foi assim com outros, muitos, que já passaram por aqui. Até de Lisboa, da SIC e da TVI”, disse, enquanto virava costas para desaparecer no amontoado “de barracos”.
Celeste do Nascimento vive no acampamento da Avenida Abade de Baçal, perto da Escola Primária do Campo Redondo, com a sua família, num total de 15 pessoas. Nas suas queixas, também aponta o dedo à CMB, sempre por incumprimento de promessas.
“Já estou aqui há 20 anos. Há 10 que a Câmara me prometeu uma roullote para dormir eu e o mais novo e ainda nada. Recebo 230 euros da Segurança Social, desde que fui operada, só para a tensão gasto 160 euros em medicamentos. Tenho vezes em que não dá para comer”, lamenta.
Esta matriarca do acampamento da Avenida tem a cozinha numa carrinha e o seu quarto, bem como todos os seus pertences. Estão naquilo que resta de uma roulotte, onde dorme com o seu filho.
Quer Eduarda, quer Celeste, estão dispostas a pagar uma renda simbólica por uma habitação. “Eu não me importava de pagar uma renda dentro das minhas posses, pagar a água, a luz e ter as minhas condições como têm os demais... Não é aqui no barraco que nem a gente dorme com o medo às cobras e aos bichos. Vai a gente a vestir a roupa e está toda roída dos ratos. Isto aqui é uma miséria!”, protesta Eduarda. Apesar de receber 500 euros da Segurança Social, assevera não ser suficiente: “Que é isso? Tenho 9 filhos e nós aqui compramos tudo, do sal à água”, defende, com palavras que encontram eco nos habitantes do acampamento do Bairro dos Formarigos, bem perto da escola do 1.º ciclo…
http://www.jornalnordeste.com/noticia.asp?idEdicao=327&id=14446&idSeccao=2941&Action=noticia

sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ciganos: fundos para integração são mal aplicados



O director executivo da Pastoral dos Ciganos sustentou que, apesar do dinheiro investido na Europa na integração da comunidade cigana, há «poucos avanços» porque os fundos são mal aplicados pelos Governos, que não ouvem os ciganos.

«O progresso das populações ciganas na Europa face ao investimento que tem sido feito é realmente muito pouco. Tem de se ter uma atenção muito particular à maneira como esses dinheiros são aplicados», disse à Lusa Francisco Monteiro.

Ciganos são alvo de discriminação, alerta a Amnistia Internacional

«As populações ciganas continuam na sua miséria, na sua pobreza, na sua marginalidade», declarou, acrescentando que «os dirigentes da União Europeia não aplicam correctamente os dinheiros, não ouvem as pessoas que devem ouvir: os ciganos, que já têm líderes suficientes a nível europeu para poderem ter uma palavra».

«Os fundos europeus não chegam às bases e não são adaptados às bases culturais dos ciganos. Vão parar não se sabe onde e não têm em consideração os próprios projectos dos ciganos, que querem desenvolver projectos da base para cima e não são financiados», referiu.

No Dia Internacional dos Ciganos, assinalado esta quinta-feira, a União Europeia discute os problemas de integração da comunidade numa cimeira em Córdova, em Espanha, enquanto em Lisboa se realiza um Fórum Ibérico na Fundação Calouste Gulbenkian.

«Os problemas de exclusão não estão a ser resolvidos, a começar na habitação, a continuar na educação, depois a própria formação e o emprego, de que estão excluídos», enumerou Francisco Monteiro.

No mês passado, o comissário dos Direitos Humanos do Conselho da Europa, Thomas Hammarberg, alertou o Governo português para as condições de alojamento dos ciganos, reclamando medidas e realçando com «preocupação» a discriminação de que são alvo.

«O problema da habitação é o primeiro ponto de qualquer inclusão dos ciganos, como já foi cá em Portugal, apesar de neste momento estar infelizmente bastante parado esse ponto do realojamento», comentou.

De acordo com o director executivo da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, estes são «a maior minoria da Europa». Contra a integração está também o «problema das mentalidades, que são mais difíceis de mudar».

«Há preconceitos, discriminações, que existem na Europa de Leste mas que também temos cá e que são gritantes, terríveis. As leis são feitas para atacar esses problemas mas não são implementadas suficientemente», concluiu Francisco Monteiro.

http://diario.iol.pt/sociedade/ciganos-discriminacao-amnistia-internacional-tvi24/1152956-4071.html

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Ciganos são a minoria menos amada em Portugal



Os ciganos constituem «a minoria menos amada em Portugal», apesar de estarem no país «há mais de 500 anos», afirma António Pinto Nunes, presidente da Federação Calhim Portuguesa e da Associação Cristã de Apoio à Juventude Cigana.

A propósito do Dia Internacional do Cigano, que se assinala esta quinta-feira, o responsável considerou em declarações à agência Lusa que «os maiores problemas da comunidade continuam a ser os de relacionamento».

«Muitas vezes o cigano não é bem aceite. Por culpa da pessoa ou da comunidade, ele continua a ser excluído», declarou António Pinto Nunes, adiantando que «a comunidade cigana é fechada também como meio de auto-defesa».

«Nós sabemos que somos a minoria menos amada em Portugal. Temos amigos que são de cor, conversamos com pessoas dos PALOP [Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa], e apercebemo-nos de que, para o povo português, somos os últimos na escala. Estamos aqui há mais de 500 anos mas 90 por cento das pessoas não nos considera portugueses», lamentou.

Segundo o presidente da Federação Calhim Portuguesa [«calhim» significa «cigana» em romani, língua falada pela etnia], «qualquer estrangeiro que venha para Portugal conta com uma receptividade totalmente diferente, mesmo que não seja melhor do que os ciganos, pois entre eles também existirão boas e más pessoas, como entre nós».

«Logo ao início, os pais ensinam os filhos a temer e a desprezar os ciganos. Somos uns intrujas, na sua concepção, o que é lamentável», afirmou António Pinto Nunes, exemplificando que «basta ver num dicionário os significados de cigano, que ainda não foram apagados: vagabundo, ladrão, ladino».

Para comprovar a discriminação, o responsável apontou o caso «do Rendimento Social de Inserção e de outros proventos que vêm do Governo».

«O povo diz que só os ciganos é que os auferem, mas a percentagem de ciganos a receber esses subsídios é mínima. Todavia, quando se fala em restringir ou acabar com esses apoios, os holofotes viram-se logo para os ciganos», assegurou.

De acordo com António Pinto Nunes, a ideia de que os ciganos são geralmente vendedores ambulantes dedicados à contrafacção também tem cada vez menos fundamento.

«Um cigano, se há-de estar na rua a vender uma porcaria falsificada, agora recorre a um mercado. E há pessoas a trabalhar noutros serviços. Só que muitas vezes não nos apercebemos porque eles não podem denunciar a sua pertença à etnia cigana. Se um patrão ou os colegas souberem, vão excluí-los desse tipo de trabalho», afirmou.

Também a presidir à Associação Cristã de Apoio à Juventude Cigana, Pinto Nunes considera que «o Evangelho tem redimido, transformado a maneira de ser e de viver, de auferir proventos, de muitos elementos da comunidade».

«Muitas vezes os ciganos andavam armados, mas 50 por cento deles deixaram de usar uma arma para usar uma Bíblia», garantiu.

_________

Ciganos são alvo de discriminação, alerta a Amnistia Internacional

Os ciganos em Portugal continuam a ser marginalizados nos serviços públicos e a viver sem uma habitação condigna ou acesso a um emprego. Para além disso, a comunidade participa pouco na identificação e resolução dos seus problemas perante uma sociedade que não lhes dá voz e os discrimina.

O alerta é deixado pela secção portuguesa da Amnistia Internacional no dia em que a organização não governamental de defesa dos direitos humanos apela à União Europeia e aos seus Estados-membros para que «tomem iniciativas concretas para acabar com o ciclo de discriminação, exclusão e pobreza da etnia cigana».

O apelo surge na véspera da II Cimeira Europeia para a Inclusão do Povo Cigano, que se realiza na cidade espanhola de Córdova, e na sequência de um relatório da organização que denuncia os «desalojamentos forçados» e a «dificuldade de acesso à habitação» de ciganos na Bulgária, na Grécia, na Itália, na Roménia e na Sérvia.

Em declarações à Lusa, a presidente da secção portuguesa da Amnistia Internacional, Lucília José Justino, apontou que a comunidade cigana em Portugal continua a ter dificuldades em aceder a serviços públicos, nomeadamente de saúde, a necessitar de uma habitação condigna e possui pouca
escolaridade e escassas oportunidades de emprego.

Segundo Lucília José Justino, Portugal «não tem ainda abertura» para dar emprego a um cigano, que, por isso, «não tem interesse em estudar».

A secção portuguesa da Amnistia Internacional estima que existam no país 30 a 50 mil ciganos.

Há cerca de um mês, o comissário dos Direitos Humanos do Conselho da Europa, Thomas Hammarberg, alertara o Governo português para as condições de alojamento «deploráveis» dos ciganos, reclamando medidas e realçando com «preocupação» a discriminação de que são alvos.

http://diario.iol.pt/sociedade/ciganos-discriminacao-etnia-tvi24/1172616-4071.html

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Política anti-imigratória de Sarkozy é alvo de críticas até em seu partido



Campanha contra etnias sinto e rom do presidente francês já deportou 700 pessoas para a Romênia e Bulgária. Para os críticos, política anti-imigratória de Sarkozy demonstra preocupação com eleições presidenciais de 2012.

Há algumas semanas, o presidente francês, Nicolas Sarkozy, iniciou campanha contra grupos ciganos na França: Sarkozy deu início ao fechamento de acampamentos ilegais e expulsou do país vários estrangeiros pertencentes às etnias sinto e rom. O esforço de Nicolas Sarkozy para expulsar os ciganos da França provoca agora reação até de correligionários do presidente conservador.

"Essa política é um escândalo", rebateu nesta segunda-feira (16/08) François Goulard, membro da União por um Movimento Popular (UMP). Para Goulard, o governo faz os franceses de "palhaços" com essa medida, porque o problema de segurança no país "não tem a nada a ver com alguns grupos de sinto e rom."

No último domingo, membros dessas etnias fecharam uma rodovia importante próxima a Bordeaux em protesto contra a expulsão de centenas de ciganos. A interrupção do tráfego durou cinco horas e provocou congestionamento em ambos os sentidos da estrada.

Os manifestantes haviam sido expulsos na manhã de domingo de um acampamento na cidade de Anglet, no sul da França, e foram proibidos pelas autoridades de se instalarem numa área de exposições próxima a Bordeaux.

Mais críticas

O político europeu verde Daniel Cohn-Bendit também criticou a medida adotada por Sarkozy. Em entrevista ao jornal Le Monde, o político disse que a conduta do presidente francês pode levar à exclusão e que seria "uma medida populista a custo das minorias."

Já o partido ultraconservador francês Frente Nacional afirma que a campanha contra os sintos e rom faz parte da manobra política de Sarkozy para angariar mais votos nas eleições presidenciais de 2012. Bruno Gollnisch, presidente do partido, critica o presidente francês por tentar desviar a atenção da população dos verdadeiros escândalos políticos do país.

Apesar de a política anti-imigratória de Sarkozy ser alvo de severas criticas, pesquisas de opinião mostram que a maioria dos eleitores franceses aprova as medidas.

As etnias na França

Originários do Leste Europeu, cerca de 15 mil membros das etnias sinto e rom vivem atualmente na França. Alguns moram em acampamentos autorizados, outros ocupam áreas ilegais ou construções abandonadas.

Em julho último, cerca de 700 ciganos foram deportados da França para a Romênia e Bulgária. Segundo os planos anunciados por Nicolas Sarkozy e reiterados pelo ministro francês do Interior, Brice Hortefeux, 300 assentamentos ilegais serão fechados nos próximos três meses.

Além das expulsões e da destruição dos acampamentos, Hortefeux também encarregou alguns agentes fiscais de inspecionar os proprietários das caravanas que, segundo o ministro, "são puxadas por alguns carros muito potentes".

Membros da etnia rom originários da Romênia e Bulgária são considerados cidadãos europeus e, portanto, têm o direito de viajar livremente pela União Europeia. No entanto, em caso de crime, a lei permite que eles sejam deportados.

NP/dpa/afp
Revisão: Carlos Albuquerque
http://www.dw-world.de/dw/article/0,,5915008,00.html

sábado, 21 de agosto de 2010

Pais recusam que filhos partilhem escola com ciganos

A Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI) elaborou um relatório, o terceiro sobre Portugal relativo aos ciganos, denunciando que estes são vítimas de exclusão social no que toca a habitação, emprego, escola, bens e serviços, noticia a Lusa.

O relatório, apresentado em Lisboa esta quinta-feira, por um membro da ECRI, Fernando Ramos, recomenda «vivamente» às autoridades portuguesas medidas efectivas de combate a esta discriminação e que «se debrucem sobre as comunidades que vivem em situações precárias, para as realojar de maneira adequada».

Ciganos: fundos para integração são «mal aplicados»

O relatório recomenda também que sejam investigadas situações de «comportamentos abusivos» relativamente à habitação, como os «despejos arbitrários» e solicita ajuda para a comunidade cigana encontrar emprego, proibindo condutas discriminatórias dos empregadores.

As autoridades portuguesas são incitadas a reforçar a frequência dos ciganos na escola e a promover a cultura cigana junto de professores e alunos, uma vez que a taxa de abandono escolar é «muito elevada» e registam-se casos de «reacções hostis» de pais que recusam a partilha do mesmo espaço escolar dos seus filhos com alunos de etnia cigana.

No que respeita aos alegados abusos das autoridades, Portugal deverá esclarecer que não são toleráveis palavras de racismo contra estes cidadãos e deve «implementar meios de diálogo intercultural».

_________

Ciganos e africanos são os mais discriminados na escola

Os ciganos, os africanos e seus descendentes são os grupos «mais vulneráveis» à discriminação no sector da Educação em Portugal, revela um estudo sobre Racismo apresentado esta terça-feira, em Lisboa, pela Amnistia Internacional, escreve a Lusa.

«Os fenómenos de discriminação podem ser observados em diversos níveis do sistema de ensino, ainda que por vezes ocorram de forma inconsciente e sejam difíceis de monotorizar», refere o estudo «O Racismo e a Xenofobia em Portugal Após o 11 de Setembro», conduzido pelo Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas (Númena).

Barcelos: separação de alunos ciganos teve «acordo» dos pais

Segundo o estudo, os dados existentes, apesar de não serem abundantes e sistematizados, mostram também «diferenças significativas nas taxas de sucesso e abandono escolar entre alunos com diferentes origens nacionais e étnicas».

O estudo salienta que, de acordo com algumas investigações em Portugal, a «crença de que, a nível pessoal, alunos de determinada etnia são menos inteligentes, menos capazes academicamente ou culturalmente inferiores, pode constituir suporte para baixas expectativas dos professores, geralmente facilitadoras do insucesso entre alunos pertencentes a minorias.

http://diario.iol.pt/sociedade/ciganos-africanos-imigrantes-discriminacao-escola-tvi24/1050384-4071.html

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

França em pé de guerra por causa do desmantelamento de acampamentos ciganos





Já 40 aglomerados ilegais de imigrantes roma foram desmontados, no que foi comparado às prisões em massa durante a Segunda Guerra Mundial
O desmantelamento de acampamentos de roma (ciganos), pondo em prática a nova política securitária do Governo francês, conseguiu este fim-de-semana despertar críticas à direita e à esquerda, e até vindas do seio do partido no poder, a UMP.

O deputado Jean-Pierre Grand, amigo do ex-Presidente Jacques Chirac e do seu primeiro-ministro Dominique de Villepin, denunciou vivamente a "política ignóbil de desmantelamento dos acampamentos ilegais", depois de 70 roms (ciganos) terem sido afastados sábado da região de Montreuil, nos arredores de Paris.

"Não se pode ser deputado e deixar fazer isso sem reagir, quando se descobre que as forças da ordem, intervindo de manhã cedo, separam as famílias, os homens para um lado e as mulheres e as crianças para outro, com a ameaça de separar mães e filhos", afirmou Grand. Este deputado já esteve suspenso da União para um Movimento Popular (UMP, de centro-direita) por contradizer afirmações do Presidente Nicolas Sarkozy.

"Estes métodos recordam as prisões em massa na Segunda Guerra", sublinhou, pedindo a demissão do prefeito de Seine-Saint-Denis devido ao que se verificou no acampamento de Montreuil.

Quanto à antiga ministra Christine Boutin, líder do Partido Cristão-Democrata, associado à UMP, alertou o Governo para uma política que, no seu entender, tem como consequência "colocar as pessoas umas contra as outras". Numa entrevista ao Parisien, considerou que "a estigmatização desta ou daquela comunidade exarceba a violência".

Recambiados

A França está sob críticas crescentes por causa das rusgas aos acampamentos ilegais de ciganos - nas últimas duas semanas, 40 acampamentos de roma (provenientes sobretudo da Roménia e da Bulgária) foram desmantelados, e o Governo tem o objectivo expresso de desmantelar metade dos acampamentos ilegais (300) nos próximos três meses.

O ministro do Interior, tido como "homem de mão" de Sarkozy, tem dito que os roma seriam recambiados para os seus países de origem, em "voos especialmente fretados". Setecentas pessoas, disse na quinta-feira, estariam já prestes a ser alvo desse repatriamento.

O endurecimento da política securitária por parte de Sarkozy, que quer retirar a nacionalidade a "delinquentes de origem estrangeira", tem deparado com acusações de xenofobia.

Na semana que passou, o Comité para a Eliminação da Discriminação Racial das Nações Unidas, que apreciou a situação vivida em França, criticou a "falta de vontade política" face a um "recrudescimento" dos actos racistas e xenófobos" no país. Criado para verificar a aplicação da Convenção Internacional para a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação Racial, de 1965, o comité debruçou-se sobre a França numa apreciação de rotina mas centrou-se nas recentes declarações de Sarkozy.

A UMP, o Eliseu e o Governo reagiram indignados às críticas - que não são ainda as recomendações finais, que só deverão ser emitidas no fim do mês. "Não há nenhuma vontade de estigmatizar uma comunidade, trata-se apenas de fazer respeitar a lei", garantiu o ministro Hortefeux.

Enquanto isto, o Centro Europeu dos Direitos Roma colocou à consideração deste comité da ONU um comunicado do Eliseu no qual se referia a "situação inaceitável" de acampamentos ilegais de roma, que seriam fonte de tráficos ilícitos e da exploração de crianças para mendicidade, prostituição ou crime.

Tais declarações podem, no entender desta entidade jurídica de interesse público, com sede em Budapeste, "promover ou incitar a discriminação racial, o ódio e actos violentos".

Por Jorge Heitor

_________

sábado, 14 de agosto de 2010

Ciganos na Europa: Notícias


12 milhões de ciganos continuam segregados e discriminados na Europa

servicopastoraldosmigrantes

Os ciganos, a maior minoria étnica da União Europeia, continuam enfrentando a discriminação e a segregação de modo persistente. A Comissão Europeia instou os Estados-Membros, num relatório apresentado na quarta-feira (07), a utilizar os fundos da UE para a sua integração social e econômica. O acesso desta comunidade ao emprego, à educação sem segregação, à habitação e à saúde, afirma o relatório, é vital para a sua inclusão. A integração dos cerca de 10 a 12 milhões de pessoas que constituem esta comunidade – uma população tão importante como a da Bélgica ou da Grécia – é uma responsabilidade conjunta dos Estados-Membros e das instituições da UE. O progresso alcançado em matéria da sua integração nos últimos dois anos é objeto de um outro relatório em separado. Estes relatórios serão revistos pelos participantes na segunda cimeira europeia sobre os ciganos, que se encerra hoje (08), em Córdoba, na Espanha.

«A União, que se fundamenta em valores fortes, deve assegurar que os direitos fundamentais dos ciganos sejam respeitados. A discriminação desta minoria étnica não é aceitável, diz a Vice-Presidente da Comissão, Viviane Reding, Comissária para a Justiça, os Direitos Fundamentais e a Cidadania. “A solução dos seus problemas beneficia as nossas sociedades e economias. Só com a regularidade e a coordenação das nossas ações poderemos realmente melhorar a situação desta etnia em toda a Europa».

László Andor, Comissário da UE para o Emprego, os Assuntos Sociais e a Inclusão, salientou: «Os esforços para integrar o povo cigano devem abranger um ciclo de vida inteiro, desde a pré-primária até ao ensino regular para as crianças, empregos para os adultos e cuidados para os idosos. As comunidades ciganas devem também poder participar esse beneficiar da luta contra a pobreza e o desemprego.» Acrescentou ainda que “o povo cigano não precisa de um mercado de trabalho à parte, não precisa de escolas que prolonguem a segregação das crianças ciganas e não quer guetos ciganos renovados. O nosso objetivo é fazer com que os ciganos sejam aceites em igualdade de circunstâncias, que sejam integrados na sociedade. O Fundo Social Europeu é um mecanismo importante para apoiar esta abordagem transversal.»

Na comunicação política, a Comissão esboça um programa intercalar ambicioso para responder aos maiores desafios em termos de inclusão dos ciganos, que são:

A mobilização dos fundos estruturais, incluindo o Fundo Social Europeu – que no total representam quase metade do orçamento da UE – para apoiar a inclusão deste povo;

A tomada em consideração das questões relacionadas com esta comunidade em todos os domínios políticos relevantes ao nível nacional e da UE, como o emprego, o desenvolvimento urbano, a saúde pública e o alargamento da UE;

Aproveitar o potencial desta comunidade para apoiar o crescimento inclusivo como elemento da estratégia para a Europa 2020.

Embora a situação de muitas comunidades ciganas da Europa permaneça difícil, foram alcançados progressos importantes tanto ao nível comunitário como nacional. Nos últimos dois anos, a UE e os Estados-Membros esforçaram-se para que a legislação de luta contra a discriminação e o financiamento em prol da inclusão dos ciganos fossem mais eficazes. As medidas incluíram, por exemplo, a luta contra a discriminação, a segregação e a violência racista, assim como o apoio aos programas destinados a quebrar o círculo vicioso da pobreza, da marginalização social, dos maus resultados escolares e das precárias condições de habitação e de saúde.

Por exemplo, a Comissão lançou processos judiciais contra 24 Estados-Membros para garantir que a legislação da UE de luta contra a discriminação por motivos de raça fosse corretamente transposta para a legislação nacional. Destes processos, 12 estão ainda a correr e 12 terminaram com êxito. Para incentivar a utilização eficaz dos fundos estruturais por parte dos Estados-Membros, a Comissão lançou dois estudos que identificarão os projetos, os programas e as políticas de maior êxito no que toca à inclusão dos ciganos – um primeiro estudo sobre os fundos em geral e um segundo no domínio do apoio do Fundo Social Europeu aos ciganos.

A comunicação e o relatório intercalar serão discutidos na segunda cimeira europeia sobre os ciganos, que é organizada em conjunto com a presidência espanhola da UE. O evento junta representantes de alto nível das instituições da UE, dos Estados-Membros e da sociedade civil para rever os progressos alcançados desde a primeira cimeira, em 2008.

Antecedentes

A comunidade cigana é discriminada nos domínios econômico, social e político. A riqueza que poderia trazer à sociedade europeia é frequentemente negligenciada e prejudicada por estereótipos e preconceitos.

No seguimento do apelo dos líderes da UE, a Comissão publicou um relatório completo sobre os instrumentos, as políticas e os progressos alcançados pela UE na inclusão desta comunidade, que foi apresentado na primeira cimeira, realizada em Setembro de 2008. Em Dezembro de 2008, os líderes da UE confirmaram o compromisso dos seus governos para utilizar as ferramentas disponíveis em prol da inclusão desta comunidade. Em 2009, a Comissão lançou a Plataforma Europeia para a Inclusão dos Ciganos que junta peritos e decisores políticos. Foram desenvolvidos 10 princípios comuns e básicos para a inclusão deste povo que orientarão a planificação política de ações eficazes e a sua aplicação.

A UE dispõe de um quadro jurídico para o combate à discriminação. Usa os fundos estruturais europeus e lança iniciativas de sensibilização contra a discriminação dos ciganos. Além disso, coordena domínios de intervenção particularmente relevantes para a inclusão deste povo, como sejam a educação, o emprego e a inclusão social.

Informações adicionais

A UE e os ciganos :

http://ec.europa.eu/roma

2.ª cimeira europeia sobre os ciganos :

http://ec.europa.eu/social/main.jsp?catId=88&langId=en&eventsId=234&furtherEvents=yes

Europe 2020 :

http://europa.eu/press_room/press_packs/europe_2020/index_en.htm

Vídeo da conferência de imprensa: Conhecemos realmente os ciganos?

http://www.tvlink.org/mediadetails.php?

key=14dd891ef3e6ee4b9e6b&title=Do+we+really+know+the+Roma%3F++International+Roma+Day+raises+the+question&titleleft=Employment

Fonte: Revista Oriundi, 08/04/10.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Estudo do Baralho Cigano: Noção de Arquétipo



Texto de Claudia Baibich

Existem ideias ou padrões  universais presentes em todas as culturas e que possuem significados atemporais, sendo percebidos, experenciados  e identificados somente através da manifestação simbólica. Essa manifestação da-se por meio de imagens e fortes emoções.
Encontram-se além da consciência e são adquiridos de forma hereditária, representando o aspecto psíquico do cérebro, segundo a interpretação Junguiana:


Jung escreveu que “Os arquétipos são sistemas de prontidão que são ao
mesmo tempo imagens e emoções. São hereditários como a estrutura do cérebro. Na
verdade é o aspecto psíquico do cérebro. Constituem, por um lado, um preconceito
instintivo muito forte e, por outro lado, são os mais eficientes auxiliares das
adaptações instintivas. Propriamente falando, são a parte ctônica da psique – se
assim podemos falar – aquela parte através da qual a psique está vinculada a
natureza, ou pelo menos em que seus vínculos com a terra e o mundo aparecem
claramente. Os arquétipos são formas típicas de comportamento que, ao se
tornarem conscientes, assumem o aspecto de representações, como tudo o que se
torna conteúdo da consciência. Os arquétipos são anteriores à consciência e,
provavelmente, são eles que formam os dominantes estruturais da psique em geral,
assemelhando-se ao sistema axial dos cristais que existe em potência na água -mãe,
mas não é diretamente perceptível pela observação. Do ponto de vista empírico,
contudo, o arquétipo jamais se forma no interior da vida orgânica em geral. Ele
aparece ao mesmo tempo que a vida. “Dei o nome de arquétipos a esses padrões,
valendo-me de uma expressão de Santo Agostinho: Arquétipo significa um “Typos”
(impressão, marca -impressão), um agrupamento definido de caracteres arcaicos,
que, em forma e significado, encerra motivos mitológicos, os quais surgem em
forma pura nos contos de fadas, nos mitos, nas lendas e no folclore.”
Através da análise arquetípica, percebe-se o padrão de comportamento que está atuando na pessoa, através  da manifestação de um ou  mais arquétipos de modo constante e recorrente ou de maneira eventual.

Esses arquétipos podem ser:
do herói salvador;
do velho sábio;
da donzela que necessita de proteção;
da sedutora histérica que tem prazer apenas em seduzir e não vive sua paixão;
da sacerdotisa;
da mãe castradora;
do louco;
do monge solitário,
do guerreiro que necessita conquistar;
do predador que necessita destruir;
do mago que necessita controlar almas e mentes;
da velha  bruxa;
do líder;
do pecador que precisa punir a si mesmo;
do jovem que precisa que lhe indiquem o caminho;
do auto destruidor que não permite a própria felicidade;
da morte á qual todos estão fadados;
da impotência;
do castigo divino e a ira de Deus;
Todos esses arquétipos apresentam uma dualidade e descrevem aspectos positivos e negativos, pois eu posso liderar um grupo de resgate e salvamento ou liderar um atentado terrorista, é o mesmo arquétipo  que está atuando em mim.
Eu tenho que aprender a escolher a forma de usar essa energia primordial e vital, tenho que procurar me conhecer e decidir se fico preso a roda das encarnações, sempre nas mesmas lições ou se escolho a libertação através do crescimento e do aprendizado com os erros recorrentes.
É preciso estar cônscio de que se tenho que viver e aprender algo, não adianta adiar, adiar e adiar, minha vida não muda, minha essência fica estagnada se não resolvo o que tem que ser resolvido.
É como se vivêssemos eternamente o mesmo conto, escrito pelo mesmo autor e dirigido pelo mesmo diretor, apenas circunstancialmente adpatado.

E o que isso tem a ver com Baralho Cigano, Tarot, Astrologia, Runas, Numerologia, etc...

TUDO!
Aliás tem relação com muito mais.

Um abraço e muita Paz.
Continuamos nossos estudos semana que vem.

Sugestão: Analisem o que acontece de modo recorrente em sua vida, como são seus relacionamentos, seu trabalho, seu dinheiro, suas necessidades, etc.
Abra-se para a percepção de si mesmo.

CLAUDIA BAIBICH

.