sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Ciganos: fundos para integração são mal aplicados



O director executivo da Pastoral dos Ciganos sustentou que, apesar do dinheiro investido na Europa na integração da comunidade cigana, há «poucos avanços» porque os fundos são mal aplicados pelos Governos, que não ouvem os ciganos.

«O progresso das populações ciganas na Europa face ao investimento que tem sido feito é realmente muito pouco. Tem de se ter uma atenção muito particular à maneira como esses dinheiros são aplicados», disse à Lusa Francisco Monteiro.

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«As populações ciganas continuam na sua miséria, na sua pobreza, na sua marginalidade», declarou, acrescentando que «os dirigentes da União Europeia não aplicam correctamente os dinheiros, não ouvem as pessoas que devem ouvir: os ciganos, que já têm líderes suficientes a nível europeu para poderem ter uma palavra».

«Os fundos europeus não chegam às bases e não são adaptados às bases culturais dos ciganos. Vão parar não se sabe onde e não têm em consideração os próprios projectos dos ciganos, que querem desenvolver projectos da base para cima e não são financiados», referiu.

No Dia Internacional dos Ciganos, assinalado esta quinta-feira, a União Europeia discute os problemas de integração da comunidade numa cimeira em Córdova, em Espanha, enquanto em Lisboa se realiza um Fórum Ibérico na Fundação Calouste Gulbenkian.

«Os problemas de exclusão não estão a ser resolvidos, a começar na habitação, a continuar na educação, depois a própria formação e o emprego, de que estão excluídos», enumerou Francisco Monteiro.

No mês passado, o comissário dos Direitos Humanos do Conselho da Europa, Thomas Hammarberg, alertou o Governo português para as condições de alojamento dos ciganos, reclamando medidas e realçando com «preocupação» a discriminação de que são alvo.

«O problema da habitação é o primeiro ponto de qualquer inclusão dos ciganos, como já foi cá em Portugal, apesar de neste momento estar infelizmente bastante parado esse ponto do realojamento», comentou.

De acordo com o director executivo da Obra Nacional da Pastoral dos Ciganos, estes são «a maior minoria da Europa». Contra a integração está também o «problema das mentalidades, que são mais difíceis de mudar».

«Há preconceitos, discriminações, que existem na Europa de Leste mas que também temos cá e que são gritantes, terríveis. As leis são feitas para atacar esses problemas mas não são implementadas suficientemente», concluiu Francisco Monteiro.

http://diario.iol.pt/sociedade/ciganos-discriminacao-amnistia-internacional-tvi24/1152956-4071.html

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