A Comissão Europeia contra o Racismo e a Intolerância (ECRI) elaborou um relatório, o terceiro sobre Portugal relativo aos ciganos, denunciando que estes são vítimas de exclusão social no que toca a habitação, emprego, escola, bens e serviços, noticia a Lusa.
O relatório, apresentado em Lisboa esta quinta-feira, por um membro da ECRI, Fernando Ramos, recomenda «vivamente» às autoridades portuguesas medidas efectivas de combate a esta discriminação e que «se debrucem sobre as comunidades que vivem em situações precárias, para as realojar de maneira adequada».
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O relatório recomenda também que sejam investigadas situações de «comportamentos abusivos» relativamente à habitação, como os «despejos arbitrários» e solicita ajuda para a comunidade cigana encontrar emprego, proibindo condutas discriminatórias dos empregadores.
As autoridades portuguesas são incitadas a reforçar a frequência dos ciganos na escola e a promover a cultura cigana junto de professores e alunos, uma vez que a taxa de abandono escolar é «muito elevada» e registam-se casos de «reacções hostis» de pais que recusam a partilha do mesmo espaço escolar dos seus filhos com alunos de etnia cigana.
No que respeita aos alegados abusos das autoridades, Portugal deverá esclarecer que não são toleráveis palavras de racismo contra estes cidadãos e deve «implementar meios de diálogo intercultural».
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Ciganos e africanos são os mais discriminados na escola
Os ciganos, os africanos e seus descendentes são os grupos «mais vulneráveis» à discriminação no sector da Educação em Portugal, revela um estudo sobre Racismo apresentado esta terça-feira, em Lisboa, pela Amnistia Internacional, escreve a Lusa.
«Os fenómenos de discriminação podem ser observados em diversos níveis do sistema de ensino, ainda que por vezes ocorram de forma inconsciente e sejam difíceis de monotorizar», refere o estudo «O Racismo e a Xenofobia em Portugal Após o 11 de Setembro», conduzido pelo Centro de Investigação em Ciências Sociais e Humanas (Númena).
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Segundo o estudo, os dados existentes, apesar de não serem abundantes e sistematizados, mostram também «diferenças significativas nas taxas de sucesso e abandono escolar entre alunos com diferentes origens nacionais e étnicas».
O estudo salienta que, de acordo com algumas investigações em Portugal, a «crença de que, a nível pessoal, alunos de determinada etnia são menos inteligentes, menos capazes academicamente ou culturalmente inferiores, pode constituir suporte para baixas expectativas dos professores, geralmente facilitadoras do insucesso entre alunos pertencentes a minorias.
http://diario.iol.pt/sociedade/ciganos-africanos-imigrantes-discriminacao-escola-tvi24/1050384-4071.html